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data:
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20 de setembro de 2013 01:10
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assunto:
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A vida bem vivida
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enviado por:
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Senhor Editor,
eis um novo texto, A vida bem vivida, para sua publicação.
Obrigado
João Bosco Leal
A vida bem vivida
Na página social de uma amiga de infância li algo que me chamou a atenção: "Sempre
é preciso saber quando uma etapa chega ao final... Se insistirmos em
permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o
sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos,
fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome dado, o que
importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram".
Logo
me lembrei de como os jovens de minha época sempre foram apaixonados,
mas também de como os objetos das paixões variaram muito durante nossas
vidas. Eles podiam ser por esportes, times, carros, motos, mulheres, ou
qualquer outra que tenhamos vivido.
Os
jovens das cidades do interior sempre tiveram opções diferentes e em
maior quantidade daqueles nascidos nas capitais. Além dos esportes
praticados por ambos, estes também realizavam, nas fazendas, montarias
em bezerros para que, na época das exposições de gado, pudessem montar
nos "torneios dos cabeludos" - uma categoria distinta da dos peões
profissionais, destinada aos filhos dos produtores -, e assim "fazer
bonito" diante das meninas.
As
próximas paixões eram pelas roupas. Todos adoravam estar bem vestidos,
com calças tão justas que eram difíceis de ser vestidas. Posteriormente,
além de justas, elas eram de cintura alta, como as dos toureiros
espanhóis. Os cabelos eram longos e muito bem cortados. Tudo para
"conquistar" as meninas que "paqueravam".
As
"paqueras" viravam paixões com a mesma facilidade com que deixavam de
sê-las, pois só duravam entre o início daquela e o surgimento da
próxima. Raras se transformavam em amor e, mesmo assim, em um amor mais
jovem, com bem menos compromissos que um amor verdadeiro, que
normalmente só se consegue na maturidade.
Depois
as paixões eram pelos equipamentos de som, instalados nos "consoles"
dos carros, as rodas e pneus de "tala larga", os motores "envenenados",
com dupla carburação e todas as consequências, que só quem já as viveu
sabe às quais me refiro. Éramos jovens, com nenhum currículo
universitário, e já querendo "preparar" um motor, melhor do quem estudou
décadas para produzi-lo.
Já
na época dos "cursinhos", alguns iniciavam sua etapa mais
"responsável", dedicando-se mais aos estudos e pensando em seu futuro,
mas muitos continuavam "rebeldes" e só pensavam em "curtir" as novas
músicas dos Beatles, dos Rolling Stones. Nesse período, uma minoria
insignificante experimentou drogas, raras naquele tempo.
Foi
nesse período que todos começaram a traçar caminhos distintos, que
gerariam reflexos no resto de suas vidas. Os grupos dos estudiosos, que
procuraram cursar faculdades e se profissionalizar na área escolhida, o
dos que começaram a ler Kahlil Gibran ou outros grandes pensadores,
amadurecendo através deles, e o dos "porra-loucas", que não souberam
virar a página dessa época que haviam vivido.
Independentemente
de quais foram, é certo que todos se lembram, com saudades, das paixões
e das fases da vida que viveram, mas certamente aprenderam, que nenhuma
delas pode se misturar à próxima, motivo pelo qual, ao final de cada
uma delas, as páginas precisam ser viradas.
As
escolhas individuais - a alegria das conquistas e o lamento das perdas
delas decorrentes -, fazem o mundo ser como é, totalmente distinto para
cada ser humano, que teve a liberdade de optar por como, quando e por
quanto tempo viver cada paixão.
A vida bem vivida é aquela repleta de paixões, mas cada uma em sua época.
João Bosco Leal* www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista e empresário
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